A Terra do Carnaval – Cultura Rica e de Muita Alegria

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Cametá tem uma cultura grandiosa, inúmeras realizações carnavalescas de encher os olhos de qualquer um ao redor do mundo. Nesta terça de carnaval, vamos relembrar com algumas imagens, o nosso rico e esplêndido carnaval cametaense.
Manifestações que encantam e fazem parte da história cultural de nossa amada cidade; BLOCOS DE RUA, COMO; OS PRETINHOS, FOFÓ DAS VIRGENS, FOFÓ DA MALA, BICHARADA DO JUABA ENTRE OUTROS…
A cultura do Carnaval em Cametá é secular, múltipla e cosmopolita, isso se explica pela importância histórico-cultural da cidade para Amazônia, sendo uma das cidades mais antigas do norte do país. Cametá foi uma das cidades do Pará que mais circulou jornais no passado, com notícias do Brasil e da Europa. Além das fortes contribuições culturais de negras/negros/indígenas aquilombados, aqui chegavam notícias sobre o carnaval da Itália, França, Espanha e Portugal, por exemplo, onde o local e o universal estavam interligadas, construindo características e influências nas formas de produções artísticas-culturais, urbanísticas e arquitetônicas.

As mestras e mestres de cultura da cidade descrevem que o carnaval em Cametá começou no formato de entrudo, com a participação de pequenos grupos de foliões mascarados que saiam pelas ruas da cidade, munidos de tinta em pó e pó de arroz, sujando as pessoas distraídas por onde passavam, ao que indica, essa produção de carnaval é de forte herança colonial, trazida para o Brasil pelos colonizadores portugueses, as primeiras informações documentadas do carnaval paraense datam do século XVII. Em Cametá, registra-se desde o século XIX o cordão dos Linguarudos da Comunidade de Sant’Ana foi um dos primeiros que surgiram e invadiam as ruas com suas brincadeiras, danças e apresentações teatrais.

Assim sendo, no início do século XX, o entrudo já não dominava mais o chamado período do “momesco”, dando lugar às outras formas de produção. O carnaval do pós-entrudo é marcado pelos cordões de sujo e mascarados, pelo corso, pelo carnaval nos clubes, Zé pereira e carnaval de rua, o carnaval pós-entrudo durou de 1944 a 1934. Neste período, originou-se na cidade de Cametá os bailes de salões, as festas nas residências, nos prostíbulos e nas ruas. Uma das características desses bailes eram as ornamentações das entradas dos salões, destaca-se, também, a importância dos músicos, visto que nesta época não existia o som mecânico, e os bailes e desfiles de blocos, eram acompanhados por orquestras e bandas musicais, onde os músicos realizavam uma verdadeira maratona na época do carnaval.

A partir da década de 1930 o carnaval cametaense consagrou-se como um dos melhores do estado do Pará, “inspirado no que de melhor havia no Rio de Janeiro, a festa em Cametá apresentava uma multiplicidade de carnavais”. Na década de 1930 o carnaval passa a ter aval governamental, tornando-se a partir do Estado Novo um dos principais símbolos da identidade brasileira, a cultura do carnaval na cidade de Cametá atravessou todos esses processos.

Portanto, percebemos que há muita sintonia na produção de carnavais entre Rio de Janeiro, Belém e Cametá, com forte vetor de difusão a imprensa cametaense consolidada, sendo decisiva na participação de Cametá nos preâmbulos da história do carnaval no Brasil, construindo seu próprio estatuto patrimonial em diversas linguagens e expressões artísticas-culturais. Os jornais da época traziam o que de melhor seria levado para avenida pelos blocos de rua, convidando todos os foliões para entrarem no ritmo do carnaval. “É neste âmbito que surgirá os primeiros blocos carnavalescos como os Farristas brasileiros, a Turma da favela, Índios do Brasil, Bloco do Girassol, Avião do Condor, Depois Eu Digo, dentre outros”.

A partir da década de 1950 adentramos na Era do Samba, terceira fase do carnaval cametaense, posterior ao período do Entrudo e Pós-entrudo. Firmando-se como um dos melhores do estado do Pará, nos clubes da cidade os bailes traziam as batalhas de confete, as serpentinas e os lança perfumes e nas ruas emergia as primeiras escolas de samba como metamorfose dos blocos de rua urbanos como A Favela (1937) e a Embaixada de Samba Não Posso Me Amofiná (1948). O carnaval das escolas de samba trata-se de uma descomunal arte de consumo coletivo, expressão crítica e risonha, carnavalesca, das expressões de seu tempo e de sua cidade.

O carnaval das escolas de samba em Cametá, representa uma tradição que se transforma lentamente, portanto, ainda consegue servir como elemento de identificação social no contexto da cidade. Os artesões do carnaval são carnavalescos, ferreiros, carpinteiros, escultores, compositores, decoradores e figurinistas, tendo papel fundamental na manutenção dessa produção de carnaval na cidade, que através das memórias coletivas, saberes e práticas, resistentes, rememoram a tradição e a história do carnaval das escolas de samba no Baixo Tocantins até os dias atuais.
Por fim, a partir de 2002 temos o período de inserção das micaretas e do Axé Music que afetam as produções culturais existentes com sua lógica de mercado, contudo, a cultura é dinâmica e diversa, havendo espaço para todas as formas de folia, isto nos lança desafios de promover políticas públicas culturais de preservação e conservação das tradições de carnaval em Cametá, sendo impossível pensar desenvolvimento regional, turismo e educação desvinculados de nosso estatuto patrimonial, cultural e artístico.
Logo, logo, tudo vai voltar ao normal e vamos desfrutar dessa cultura rica e alegre, viva o carnaval cametaense!

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